Apetece-me gritar!

É....

É daquelas vontades que às vezes dão, em que não apetece fazer nada em particular, mas há uma absoluta necessidade de fazer algo, talvez porque não se fez aquilo que havia vontade para fazer!
O nervoso miudinho depois de um frustrante dia de infindável trabalho, de pressão e pressão e mais pressão...
E só não o faço para não ver assustar ninguém, nem ver os mais pequenos a olhar com aquela expressão "é desta... passou-se... era uma vez!"... ah... e para não ter os vizinhos a bater à porta e a tocar à campainha a perguntar solicitamente: "... precisam de alguma coisa?"
Apetece-me gritar!

A grande incógnita...

?
É?
Será mesmo assim?
Ou será dos olhos que já estou cansado de usar?
Não sei.
Fico na dúvida.
Continuo a sentir-me cada vez mais exausto.
Cada dia passa mais depressa.
Mas cada momento parece mais longo.
E cada minuto parece mais triste.
E agora?
Não sei.
Fico na dúvida.

("... you can hide, hide, hide... behind paranoid eyes.")

Estranho...

É estranho...

Não conseguir compreender, não ser capaz de entender, já não saber ler uma expressão facial, não distinguir a dureza de um olhar, não deixar de esperar que uma palavra seja proferida.

Afinal, o conhecimento já tem idade para ter ido à tropa (nos tempos em que tal era obrigatório). Não era suposto!
É estranho...

Não saber nunca o que deveria ter feito (ou deveria não ter feito?), não saber o que deveria ter dito (ou deveria ter calado?), não saber sequer o que é permitido pensar (ou talvez sonhar?).

Talvez o melhor seja mesmo ficar tranquilamente alheio e ausente, desistir de estar consciente e ignorar por completo tudo o que me rodeia, e assim deixar de correr o risco de ser "denunciado" por um qualquer acto, olhar, palavra, expressão, sorriso (ou mesmo pensamento) que resolva assomar à superfície sem ser previamente anunciado com a antecedência necessária que permita o assumir de uma qualquer armadura que possa dissolver por completo qualquer resquício de humanidade.
Sim... de humanidade.

Ainda flutuo!

...myself???

"In truck stops and hamburger joints
In Cadillac limousines
In the company of has-beens
And bent-backs
And sleeping forms on pavement steps
In libraries and railway stations
In books and banks
In the pages of history
In suicidal cavalry attacks
I recognize...
Myself in every stranger's eyes

...

And now, from where I stand
Upon this hill
I plundered from the pool
I look around
I search the skies
I shade my eyes
So nearly blind
And I see signs of half remembered days
I hear bells that chime in strange familiar ways
I recognise...
...

..."

(extractos de Roger Waters in "Every Stranger's Eyes")


...hoje deu-me para aqui... desculpem lá qualquer coisinha

Enfim...

O certo é que ainda não vai há muito tempo, eu chegava aqui, sentava-me nesta mesma cadeira, puxava a gaveta onde está este mesmo teclado, e começava a escrever. E a "tinta" escorria... apesar de nunca na minha vida ter sentido qualquer tipo de inclinação para a "escrita" (o.k., lá estarão vocês a pensar: "Nota-se!"... cáusticos... mas eu perdoo-vos, compreendo-vos e se calhar - apenas e só se calhar - até concordo convosco).
Na realidade nunca tinha sentido qualquer tipo de inclinação para desenhar com letras o que quer que fosse (bem, e com lápis, tintas ou pincéis muito menos...).
E até me sentia bem.
Até gostava do que fazia.
Sentia mesmo um certo gozo pessoal e um pequeno regozijo ao ler o que tinha escrito... fui mesmo eu? Até gosto... nunca pensei... (qualquer um é livre de não gostar, claro).
Agora não.
Não sei porquê, mas não me "puxa"... deixou de me atrair... já não escorre!
E não gosto.
Sinto-me como se tivesse sido alvo de algum embargo ou bloqueio estratégico.
A voz não me sai apesar de sentir uma necessidade crescente de gritar em todas as direcções,.. de sentir o vento a levar o som das minhas palavras.
Para longe...

Isto não se faz....

Então, estou para aqui a gastar o meu latim, a precisar de um "colinho" e vocês nem me ligam?!?!
Agora fiquei triste!